quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Comida é para o corpo e não o corpo para a comida.

Gn 3, Sl 79, Nm 11.18, Mt 4.

Durante toda a história do homem e principalmente nos dias atuais a alimentação nossa de cada dia tem sido motivo não só de alegria e prazer, mas também de confusão, rebelião e escravidão.

A comida em excesso ou a falta dela são assuntos de preocupação mundial e as discussões a este respeito são direcionadas tanto para se ponderar sobre a obesidade e as doenças da má alimentação quanto para se refletir sobre a magreza excessiva provocada, sobretudo pela bulimia ou anorexia, e as implicações desse comportamento na saúde física. A conclusão mais básica desses debates é que são múltiplos os males das distorções alimentares, por isso que cada vez mais se busca a fórmula perfeita da alimentação ideal.

No entanto, é importante se pensar que, infelizmente, os distúrbios alimentares proporcionam vantagens financeiras na casa dos bilhões de dólares para alguns. Isso tanto no que se refere ao avanço dos comércios estimuladores da má alimentação “fest-food” e outros, como também no ascendente avanço da indústria do emagrecimento, que conquistam seus clientes oferecendo a fórmula ideal para o corpo perfeito, isso através das plásticas, das academias, dos remédios de emagrecimento e outros.

Diante disso as academias ficam lotadas, os medicamentos são vendidos, as cirurgias são feitas, mas ainda assim não se consegue chegar às raízes mais profundas da questão. Qual a raiz do problema da desordem alimentar? O que está acontecendo com os hábitos alimentares da população? Porque tantas pessoas, entre elas pessoas cristãs lutam e são vencidas pela desordem alimentar? O que Deus pensa sobre os hábitos alimentares dos homens? São estas e outras perguntas que buscarei responder neste artigo

Perceba que ao criar o homem e colocá-lo no jardim do Éden Deus demonstrou uma profunda preocupação com a sua alimentação, a ele foi dado de comer de todas as frutas que estavam no jardim, menos do fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal Gn 1.29. E após o dilúvio foi lhe permitido também se alimentar dos animais Gn 9.3. Mas parece-nos que desde o principio o homem fez da benção da alimentação um problema para a sua vida.

Porem, não era para ser assim, pois ao criar os alimentos para os homens Deus declarou que tudo era bom, e o propósito de Deus era satisfazer e alegrar o homem dando-lhe prazer e sustento através da alimentação. Deus quis que o ato de comer fosse agradável e prazeroso para os seus filhos e que esse momento os levasse a descansar na Sua provisão. O comer nunca deveria ser um ato de independia ou de rebeldia contra Deus. Por essa razão Deus estabeleceu regras para à alimentação do homem desde o principio.

Todavia não muito tempo depois de ser criado o homem já desejou viver independente do seu criador e perverteu o que era bom, inclusive no que se refere a sua alimentação. O homem desde o inicio deveria confiar na provisão de Deus sendo grato pelo sustento e tendo contentamento na suficiência providencial Deus. Mas em vários momentos as Escrituras descrevem no homem um comportamento de descontentamento e falta de confiança na provisão do Senhor.

No jardim do Éden o homem é dominado pela cobiça da beleza e do sabor do fruto proibido, e sem usar nenhuma palavra, ele nega a capacidade que Deus tem para sustentá-lo e satisfazê-lo com todos os outros frutos do jardim do Éden, o que não era pouco. Eis aqui um comportamento de desconfiança e insatisfação com a suficiente provisão divina, ha no homem um desejo de independência das regras estabelecidas por Deus.

E assim também foi durante a libertação do povo no deserto, o comportamento em relação a comida não foi muito diferente do Éden. O povo de Israel queria mais do que a provisão divina para eles. Rebeldemente olharam para o que faltava na sua mesa e não para da provisão diria através do maná, cobiçaram e desejaram as carnes e as cebolas do Egito e não foram gratos pelo pão “de cada dia” literalmente vindo dos céus como demonstração de cuidado e amor paternal. O povo se lembrou daquilo que não tinha no deserto, se esquecendo de que no Egito eles tinham mais do que carnes e cebolas, no Egito eles tinham escravidão e trabalho forçado, tinham chibatadas e fadigas, tinham os seus filhos mortos e distanciamento de uma vida de adoração plena.

Os Israelitas se lembravam do que deveria ser esquecido e se esqueciam exatamente daquilo que deveriam lembrar que é certamente do cuidado e o amor de Deus por eles, demonstrado e provado não só nos resgate da escravidão e como na provisão do Maná no deserto.

Este comportamento do deserto referente à alimentação do povo, serve como espelho das intenções dos seus corações, pois assim como Adão foi provado por Deus no jardim do Éden, o povo no deserto estava sendo provado, para que ficasse evidente a quem ou o que eles amavam mais. A alimentação nesse contexto foi usada por Deus para que ficassem evidentes os apetites e a disposição do coração do seu povo.

No Novo Testamento a provação de Cristo foi semelhante a esta, logo após ser batizado Ele foi conduzido pelo Espírito de Deus ao deserto para ser tentado pelo diabo; e o primeiro ato de satanás foi tentá-lo em relação a alimentação,exatamente para que fosse conhecido os apetites do seu coração e ficasse evidente a confiança e o desejo e a disposição de obediência que Ele tinha ao Pai. Há um paralelo aqui entre Cristo e Adão, entre Cristo e provação do povo no deserto, se por um lado os dois primeiros não obedeceram a Deus por outro Cristo, o segundo Adão, foi provado para vencer de uma vez por todas as obras de satanás e conduzir triunfalmente o seu povo a vitória.

Podemos dizer então que os nossos hábitos alimentares servem também para refletir como no espelho os desejos dominantes do nosso coração, a maneira como nos relacionamos com os alimentos podem demonstrar rebeldia ou falta de confiança em Deus, pode demonstrar busca pelo prazer e realização plena que somente Deus é capaz de proporcionar; e quando isso acontece o comer se tornar um ato pecaminoso.

Infelizmente, algumas pessoas fazem dos atos alimentarem um momento de fuga dos seus problemas e ao invés de enfrentá-los buscando ajuda em Deus para resolvê-los, elas preferem esconder a falta de confiança em Cristo na busca pelo conforto e consolo proveniente da alimentação. É por isso, que algumas pessoas comem mais quando estão ansiosas, quando estão nervosas, quando sente solidão, quando estão zangadas, ou até mesmo por se sentirem ociosas, sentimentos que deveriam ser saciados em Deus ao descasar o coração no cuidado providencial e amoroso do Redentor.

A Bíblia nos desafia a confiar em Deus nesses momentos de ansiedades, lançando sobre Ele as nossas aflições, porque verdadeiramente Ele é aquele que cuida de nós. Fl. 4.6-9. E da mesma forma temos de lançar sobre Ele todo o nosso temor, toda a nossa irá para que seja evidente a justiça daquele que é o Sol da justiça. Em outras palavras a alimentação NÃO pode ser um refúgio, mas Deus sim é o nosso refugio e fortaleza, socorro presente e toda fonte de prazer que precisamos.

É bem verdade que a piedade não pode ser medida pela quantidade de quilos que uma pessoa tem; ninguém é mais piedoso por pesar menos ou deixa de ser piedoso por pesar mais, nesse sentido podemos dizer que não existe o peso da piedade. No entanto, sabemos que a falta de cuidado com o corpo que é o templo do Espírito deve ser visto como falta de zelo e temor do Senhor. É verdade que nem toda obesidade é provocada por disfunção alimentar e que nem todas as disfunções alimentar se revela apenas com a obesidade, contudo, muito dos problemas físicos que temos é fruto da falta de cuidados alimentares.

Quero concluir exortando a você para que cuide de sua alimentação, buscando motivos piedosos para isso e não por causa do padrão externo de corpo ideal, pois Deus não ordena que sejamos magros, mas que sejamos santos e obedientes a Ele. Por isso o nosso alvo com a alimentação primariamente é nos conforma-se à imagem de Cristo. É buscar a glória e o prazer de Deus e não o nosso próprio prazer. É cuidar do corpo que é habitação do Espírito Santo; não nos deixando dominar pelo pecado da gula, entendendo que todas as particularidades de nossa vida pertencem a dEle. Não faça da alimentação o seu refúgio. Refugie em Cristo.

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