domingo, 17 de maio de 2009

O Que é Aconselhamento Bíblico?

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1.1 - Definição de Aconselhamento Bíblico

Aconselhamento Bíblico é centrado em Deus, está saturado de Bíblia e faz uso de uma linguagem sensível às emoções de forma a ajudar as pessoas a alcançarem plenitude em Deus[1], é um híbrido de discipulado e amizade, motivado pelo profundo amor que temos por Cristo e pelo próximo, que transformado em ação, procura conhecer, confrontar, fortalecer, encorajar e disciplinar o aconselhado por meio da palavra de Deus. Incentivando-o a desfrutar de Deus, para que tenha êxitos nas lutas contra o pecado e nas responsabilidades ética, moral e espiritual, afim de que em tudo, Deus seja glorificado em sua vida. [2]

O Dr. Jay Adams [3] diz que o aconselhamento Bíblico pode ser definido como “uma resposta do profundo amor que temos por Deus e pelo nosso próximo, que nos motivará a estender as mãos” àqueles que sofrem.

Elyse Fitzpatrick M. A.; em seu livro “Mulheres Ajudando Mulheres”, faz a seguinte definição de aconselhamento: Aconselhamento Bíblico é “o processo pelo qual os cristãos procuram conhecer, confrontar, fortalecer, encorajar e disciplinar outros cristãos para crescerem em seu amor por Deus e pelo próximo, tudo para a gloria do Senhor.” [4]

Segundo John F. MacArthur, Jr. “Aconselhamento é, por definição e inclinação, um ministério de ajuda. Ele pressupõe um individuo que está sendo confrontado por certo grau de confusão, decepção ou desespero e uma segunda pessoa que se empenha para ajudar analisando a situação do aconselhamento, procurando desemaranhar as questões envolvidas, de forma a oferecer conselhos e direções úteis e benéficas”. [5]

Para Richard Baxter “O aconselhamento Bíblico é para resolver as dúvidas que eles (aconselhados) possam ter, ajudá-los na luta contra os seus pecados, orientá-los em suas responsabilidades e promover crescimento do conhecimento e de toda a graça salvadora”. [6]

Já o Dr. Wadislau Martins Gomes, diz que o aconselhamento Bíblico é uma “ (...) habilidade relacional de ajuda mútua para o conhecimento de Deus e do homem”. [7]

Diante disso, entendemos que o Aconselhamento Bíblico se baseia na redenção consumada de Cristo, que através da exposição correta da palavra é aplicada pelo Espírito Santo no coração dos homens.

1. 2 – A Necessidade e a Função de um Conselheiro Bíblico

Iniciamos este tópico observando que a Escritura Sagrada ressalta a necessidade de conselheiros no meio do povo de Deus. E de acordo com as Escrituras, todos os cristãos deveriam aconselhar em certas situações. [8] Conforme nos mostra os textos abaixo.

Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo. [9]

Sabemos também que alguns conselheiros são chamados por Deus para fazer o trabalho de aconselhamento numa escala maior e com mais profundidade; com dons mais específicos e ministérios mais focados nesta área. (Ef. 4.11,12,16; I Co 12.7,12-27; I Pe 4.10)

A seguir falaremos sobre o papel do conselheiro Bíblico. [10]

1.2.1 – Direcionar Outras Pessoas a ter Satisfação em Deus

O conselheiro utiliza todos os seus esforços com criatividade e sacrifício, quanto for necessário, para ensinar Biblicamente outras pessoas a terem alegria e satisfação plena em Deus. O aconselhamento Bíblico acredita que Deus é mais glorificado nos crentes, quando os mesmos estão mais satisfeitos nEle. Viver para gloria de Deus também significa viver para alegremente tornar outros alegres e satisfeitos em Deus. [11]

1.2.2 - Ajudar o Aconselhado a Corrigir suas Motivações Antibíblicas

Uma pessoa que vive um comportamento de desobediência à Palavra de Deus terá uma relação errada com Deus, com o próximo e consigo mesma, por isso, não poderá jamais ser feliz.

Através de um processo de contínua transformação bíblica, o conselheiro Bíblico, ajuda o aconselhado a se despojar dos velhos hábitos e padrões pecaminosos do velho homem e a se revestir dos novos hábitos e padrões santos do novo homem. O qual é chamado a seguir nos passos de Jesus, tendo como alvo se parecer com Cristo em seu caráter. Ou seja, atingir a plena maturidade em Cristo. [12]

1.2.3 - Anunciar a Cristo

Cristo é o único que pode trazer redenção permanente da causa básica de todos os problemas do homem, o pecado e seus ídolos.

Portanto, uma vez que o aconselhado tenha se arrependido e se rendido a Cristo, o conselheiro Bíblico, por acreditar que somente a Palavra de Deus tem poder para libertar o homem da escravidão do pecado (Jo 8:32); deve discipular o aconselhado em profundidade, para que ele aprenda os ensinos de Cristo, e acima de tudo, aprenda que ser discípulo de Cristo é antes de mais nada pertencer a Ele e a Seu reino de modo prioritário, incondicional, imitando-o na sua vida de pureza e santidade. [13]

1.3.4 – Conduzir o Aconselhado a Conhecer a Deus e a si Próprio

Na perspectiva do aconselhamento Bíblico o homem não possui auto conhecimento, mas todo conhecimento verdadeiro que ele possui, nasce a partir do conhecimento que ele tem de Deus.

Neste sentido, afirmamos que o homem conhecia bem a Deus e se relacionava e harmonicamente com o Criador. A queda afetou a capacidade cognitiva do homem tornando-o cego espiritualmente e incapaz de reconhecer Deus na realidade que o cerca. Falando sobre este assunto, João Calvino escreve: “toda sabedoria que possuímos consiste disto: o conhecimento de Deus e de nós mesmos. [14] E ainda “O Conhecimento de nós mesmos conduz-nos a conhecer a Deus (...) conseqüentemente, pelo conhecimento de si mesmo é cada um não apenas aguilhoado a buscar a Deus, mas até como que pela mão conduzindo a achá-lo. [15]

Calvino entende que o conhecimento tem duas partes: do conhecimento de Deus e do conhecimento de nós mesmos, e não há conhecimento de Deus sem o conhecimento de nós mesmos, nem o conhecimento de nós mesmos, sem que haja o conhecimento de Deus. Neste sentido, tais conhecimentos são inseparáveis. E o aconselhamento Bíblico através da exposição da palavra, busca solidificar estes dois conhecimentos. .

O aconselhamento Bíblico é o único modelo de aconselhamento que tem condições de oferecer ao homem a capacidade dele conhecer a si mesmo. Ele oferece esta capacidade através do conhecimento de Deus que é oferecido ao aconselhado, por meio do ensino correto das Escrituras, da confrontação bíblica, do fortalecimento, encorajamento, da disciplina e do discipulado na palavra de Deus.

Logo, o aconselhamento Bíblico deve ser visto numa perspectiva de discipulado e amizade, que é conseqüência de um profundo temor e amor por Deus e pelo próximo, que nos conduz a ajudá-los em sua luta contra os pecados, orientando-os em suas responsabilidades, afim de que em tudo Deus seja glorificado.


[1] Coletâneas de Aconselhamento Bíblico. Atibaia - SP: Seminário Bíblico Palavra da Vida, 2007. Vol. 6, p. 6.

[2] Fitzpatrick, Elyse & Cornish, Carol (eds.) Mulheres Ajudando Mulheres. 5. ed. São Paulo – SP: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2004. p 34.

[3] Jay Adams Apud Elyse Fitzpatrick & Carol Cornish (eds.), Mulheres Ajudando Mulheres, p 34.

[4] Elyse Fitzpatrick & Carol Cornish (eds.), Mulheres Ajudando Mulheres, p. 34.

[5] MacArthur, Jr., John F. & Mack , Wayne A. Introdução ao Aconselhamento Bíblico. São Paulo - SP: Hagnos, 2004. p. 87.

[6] Richard Baxter, Apud Coletâneas de Aconselhamento Bíblico. Vol. 6, p. 147.

[7] Gomes, Wadislau Martins. Aconselhamento Redentivo. São Paulo - SP: Cultura Cristã, 2004. p. 8.

[8] Cf. Eyrich, Howard & Hines, Wiliam. Cura para o coração. São Paulo – SP: Cultura Cristã, p. 65.

[9] bíblia. Português. Bíblia e Hinário Novo Cântico (Revista e Atualizada). Tradução de João Ferreira de Almeida. 2. ed. São Paulo – SP: Casa Editora Presbiteriana & Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Gl. 6: 1 – 2, p. 204 [N.T.].

[10] Cf.: Howard Eyrich & Wiliam Hines, Cura para o Coração, p. 65.

[11] Piper, Jonh. Não Jogue sua Vida Fora. São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2006. p. 84.

[12] Laérton, José. Tese de Aconselhamento Bíblico. Maio de 2000. p. 2 – 4.

[13] Ibid., p. 2 – 4.

[14] Calvino, João. As Institutas. Tradução de Odair Olivete. São Paulo – SP: Cultura Cristã, 2002. p. 64.

[15] João Calvino, As Institutas, p. 65.

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