2.1 – As Diversas Áreas de Atuação da Psicologia
Antes de falar sobre a grande invasão dos modelos psicológicos no aconselhamento, ressalta-se que neste trabalho trataremos apenas das linhas da psicologia que estão diretamente ligadas à psicoterapia, que é uma das áreas da psicologia enquanto matéria, tendo em vista que a psicologia esta dividida em diversas linhas de atuações.
Quando nos contrapomos à psicologia, não estamos nós opondo a todo o campo dos estudos psicológicos, mas sim, à parte da psicologia que trata da natureza do homem, do modo como ele deve viver e de como ele pode mudar. Ou seja, estamos tratando com o campo da psicologia que está diretamente ligado à psicoterapia e que trabalha com os valores, as atitudes e as causas comportamentais dos homens.
Reconhecemos que a palavra psicologia tem sentido muito amplo e abrange vários campos de atuação, por isso, não podemos ser ignorantes e condenar todas as linhas da psicologia, sem primeiramente compreender qual o seu campo de atuação. Sabemos que os trabalhos de psicologia ligados a área da pesquisa, o qual chama-se psicologia da pesquisa, podem ser muito útil para o desenvolvimento profissional e comercial de nossa sociedade.
Por exemplo: Após investigação acurada a psicologia da pesquisa pode chegar à conclusão de que os trabalhadores envolvidos na linha de produção de uma fábrica perdem o seu rendimento depois de duas horas de trabalho seguido, e que eles produzirão muito mais se a cada duas horas tiverem quinze minutos de descanso. Não se pode negar que informações como esta são extremamente relevantes para aqueles que a recebem, tanto no sentido empresarial, porque faz com que a empresa produza mais, como também, com relação ao homem, visto que contribuirá para que o mesmo tenha uma melhor qualidade de vida.
Admitimos que o trabalho de pesquisa da psicologia, desenvolvido dentro de parâmetros científicos; pode apresentar grande contribuição para a sociedade. No entanto, isso não faz da psicologia autoridade máxima no aconselhamento.
Esta claro que a dificuldade discutida no atual trabalho não é com o ramo da psicologia mais cientifico, ligado a pesquisa. E sim, com a linha da psicologia ligada diretamente a psicoterapia, ou ao aconselhamento. Que tenta responder perguntas como: Quem é o homem? Quais sãos os seus problemas? Como ele deve viver? A partir destes dados a psicologia procura ensinar às pessoas como viver bem.
É exatamente aqui que a psicologia compete com a Bíblia. Não se pode aceitar que pessoas não salvas, que são desprovidas do conhecimento verdadeiro sobre Deus, que não conhecem os padrões norteadores para os homens estabelecidos por Deus nas escrituras, venham estabelecer princípios de como se deve viver, sobre como e o que se deve pensar.
2.2 - A Invasão da Psicologia no Campo de Atuação das Escrituras
Com certeza uma das causas que tem contribuído grandemente para a divergência que existe entre o cristianismo e a psicologia, é o fato da psicologia reivindicar um espaço de atuação, que só pode ser ocupado pelas Escrituras. A discussão de quem tem autoridade para curar a alma, não é recente, oriunda dos tempos modernos, mas, esta zona de conflito existe a mais de cem anos, nos últimos dias as discussões apenas tem se tornado mais acentuada.
2.2.1 – Antes de 1950
Antes da década de 50 (1950), a psicologia e as psicoterapias só eram aceitas pelos liberais na teologia e na eclesiologia. Dessa forma, no século XX, o aconselhamento pastoral se tornou sinônimo de liberalismo e estava tanto intelectualmente como metodologicamente subordinado e comprometido com a psicologia secular.
A autoridade para lidar com as crises que envolviam as pessoas foi transferida para os profissionais ligados a área de saúde mental, área que estava em expansão na época. Enquanto isso os cristãos mais conservadores acabaram ignorando o aconselhamento bíblico. Negligenciando o desenvolvimento de um cuidado pastoral mais inteligente e dinâmico, para alcançar as pessoas com problemas vivenciais.
2.2.2 – Após 1950
Após a década de 50 (1950), este quadro muda bruscamente, os protestantes enfrentaram duas novas questões que envolviam a fé e a psicologia.
2.2.2.1 – Cristãos escrevendo sobre psicologia
A primeira tem a ver com as pessoas que diziam crer no cristianismo bíblico-histórico, que agora passam a escrever diversos livros sobre a psicologia, e aliado a isso, os evangélicos começaram a ver na psicologia, propriamente adaptada, uma amiga fascinante e uma forte aliada para informar a espiritualidade inteligente e formar uma prática pastoral efetiva. Eles professavam ser crentes na Palavra e argumentavam que estavam apenas se apropriando da psicologia contemporânea como serva da fé.
2.2.2.2 – A Popularização da psicologia nas igrejas evangélicas
A segunda questão envolvendo a psicologia e a fé, após a década de 50, é que a psicologia tem se tornado cada vez mais popular nas igrejas evangélicas. A prova disso são as estantes das livrarias evangélicas abarrotadas de livros de auto-ajuda; essa não é uma tentativa teórica de integração entre a psicologia e o cristianismo, mas uma psicologização aberta da fé e da vida do cristão, que professa sua crença nas Escrituras. David Powilson falando sobre este assunto diz:
Atualmente, estamos vendo os resultados lamentáveis de muitos anos de casamento de teorias e terapias de aconselhamento psicológico com o cristianismo. Estas terapias se apresentam como se fossem resultados de descobertas científicas, mas na realidade é um conjunto de crenças e práticas religiosas que dependem da visão que cada corrente tem sobre a natureza do homem, sobre a forma como ele se modifica e se o processo de cura envolve ou não a invocação de alguma divindade além do próprio ego humano.
2.3 – Uma sociedade de vitimas: sem culpa e sem pecado
A psicologia em si é hostil à doutrina do pecado, e o movimento de ajustar a Bíblia com a psicoterapia certamente não mudou isso. Nenhum psicólogo de boa reputação defenderia a teoria clássica da teologia e da antropologia Bíblica de que o pecado é passado de geração em geração.
Geralmente aqueles que têm problemas com sentimento de culpa, recorrem a um terapeuta, que tem a tarefa de melhorar a auto-imagem do paciente. A sociedade na verdade encoraja o pecado, mas não tolera a culpa causada por ele. Na cultura moderna as pessoas são vitimas, e não responsáveis pelo que fazem. Se Elas são vitimas, não podem ser responsáveis, pois são conseqüências do que lhe aconteceu. Para o Dr. Jay Adams, este é o ponto crucial da questão. Ele diz:
Qualquer tipo de delito que o ser humano comete pode ser facilmente explicado pela psicologia como uma enfermidade. O que antes era denominado pecado, hoje é visto como um conjunto de incapacidade. Todo tipo de imoralidade e de conduta maldosa são agora identificadas como sintomas desta ou daquela doença psicológica.
A questão é que a terapia que se propõe a tratar o pecado alimenta ainda mais o problema específico que se propõe a tratar. O diagnóstico errado com certeza nos conduz ao um tratamento inútil. Enquanto a psicologia tratar o pecado como doença, ela só vai contribuir para o aumento da doença e nunca para a libertação do homem, Sl. 32.3.
Além disso, esta nova maneira de enxergar o pecado tem contribuído para um enorme crescimento da milionária indústria do aconselhamento e o recurso da terapia de longo prazo, ou até mesmo permanente, garante um brilhante futuro econômico aos profissionais da área.
2.4 – Psicologia e Cristianismo: um confronto de Cosmovisões
Entendemos que a cosmovisão de uma pessoa determina todas as suas ações. Agimos de acordo com aquilo que cremos. Estamos certo de que um conselheiro efetivo precisa conhecer a Deus e seu projeto para o homem. Da mesma forma, precisa conhecer o homem e seu estado de corrupção, para entender porque ele faz o que faz, tanto para a miséria pessoal, como para miséria social. Infelizmente é comum em nossos dias classificar o pecado como distúrbio emocional, sem relacioná-lo com as verdades da Palavra de Deus.
O choque que há entre a psicologia e as verdades das Escrituras é a principal razão para afirmarmos que ela é inadequada para o aconselhamento. E somente as Escrituras podem dar a estrutura necessária para resolução dos problemas do homem com eficácia.
Com isso não estou desencorajando o estudo da psicológica enquanto matéria. Pois, o desprezo ao conhecimento, nega o óbvio, que todo conhecimento verdadeiro vem de Deus. De fato, foi o próprio Deus que deu mente aos homens, e também é Ele mesmo quem abençoa o exercício mental.
Neste sentido os psicólogos da linha de pesquisa, há muito tem exercitado suas mentes trazendo informações importantes relacionadas à questão funcional e comportamental da sociedade. Segundo o Dr. Larry Crabb a psicologia tem contribuído
... tremendamente para a nossa compreensão da razão, ou seja, por quais motivos as pessoas respondem certas formas de estímulos, de como as pessoas pensam e como o pensamento se relaciona com as ações e as emoções...
No confronto que existe entre o cristianismo e a Psicologia, a superioridade do cristianismo para lidar com as emoções, com a reeducação e com a transformação do ser humano, fica evidenciada por uma cosmovisão unificada pelas Escrituras Sagradas e centralizada
A necessidade óbvia no campo do aconselhamento é de uma unidade claramente definida (...) precisamos de uma estrutura fixa, um conjunto estabelecido de verdades imutáveis e significativas que una todos os elementos variados que se encontram dentro dos seus limites. (...) A verdadeira liberdade só pode existir dentro de uma forma certa e significativa. (...) A unidade tão necessária pra trazer ordem ao caos do aconselhamento tem de depender ou de Deus ou do acaso.
Otimismo humanista, que supõe que o homem seja capaz de solucionar os seus problemas, mesmo se esboroado sob o peso da incapacidade da ciência de provar claramente que nem uma única sequer de sua proposição seja verdade.
Infelizmente na modernidade a morte de Cristo na Cruz e o Seu ministério têm ganhado conotação bem diferente da verdade revelada nas Escrituras, ou é base para motivações sociológicas, ou meio de integração psicológica. Necessitamos resgatar os princípios de autoridade e suficiência da morte de Cristo.
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